sexta-feira, 17 de junho de 2011

A Vantagem que Maria Levou

A vantagem que Maria levou
É que por alguém nesta vida Maria amou.
Fez dos seus sonhos os dela,
Sonhado por tabela,
Mas nem por isso se prendeu numa cela.
Adeus ingrato até escutou,
Mas nem por isso a cabeça de Maria se abaixou.
Acorda cedo e dorme tarde
Do seu corre diário Maria não se acovarde,
Sempre na maior disposição,
Maria luta pra cumprir todo dia sua função.
Com a força que pede em sua oração,
Maria busca pela sua redenção.
A vantagem que Maria levou,
É que correu pelo certo,
E por todos se doou.
Uma vida inteira de humildade,
Foi dessa forma que Maria encontrou sua felicidade.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Gota de chuva nos meus óculos

Uma gota de chuva caiu e embaçou meus óculos e através dela pude ver também embaçada a silhueta de uma mulher antes, por mim, nunca vista ou reparada.
Imediatamente retirei meus óculos para limpa-lo, mas mais que isso para vê-la melhor, e aos poucos lamentei por isso. Com a mesma rapidez que aquela gota de chuva caiu nos meus óculos, era como ela, com cada movimento, cada sorriso, caia. Ou melhor, pousava leve sobre mim. Leve como uma folha seca derrubada pelo vento do outono, mas que renascia em mim verde como quando na primavera.
Entre tanta gente disputando o mesmo espaço. Tanta correria. Gente passando em minha frente. Com tanto barulho, eu podia acompanhar no olhar onde quer que ela fosse e de onde estivesse escutar a sua voz. E reparar nela, só fazia por aumentar ainda mais o meu desejo que crescia desenfreadamente e tão desesperador que chegava a ser incômodo. Porque eu a queria. Queria ali, naquele momento, naquela hora, a qualquer custo, sem se importar em como. Se por ela sim, ou não. Apenas possuí-la, como uma vontade e um ato primitivo.
Queria interromper as suas conversas, ter a sua atenção, rouba-la de quem quer que fosse.
A vontade era de pega-la por seu braço, puxa-la até se fosse contra a sua vontade, agarra-la mesmo que ela me empurrasse contra seu corpo, ou até que tentasse se debater para escapar de mim, era a minha vontade. Vontade de segura-la forte até que ela não pudesse mais e, aí então, reparar em mim.
Mas eu tinha que me segurar. Segurar todas essas vontades, extintos, desejos e tudo mais que ela foi capaz de despertar em mim.
Fechei meus olhos, na tentativa de me acalmar respirava fundo, mas por Deus, era como se eu respirasse o perfume dela. E por mais uma vez não pude me acalmar.
Então, se eu não poderia tê-la, ainda de olhos fechados me permiti imaginar.
Depois de segura-la forte até que ela não pudesse mais, aí então, reparou em mim. E novamente meus óculos ficaram embaçados, mas desta vez por culpa do seu hálito quente, da sua respiração ofegante, que até esquentava o meu rosto que estava bem próximo ao dela. Estava tão frio e nos meus braços ela tremia. Mas ela havia mesmo reparado em mim. Me olhou fixamente, e ainda a segurava com força, com desejo, com vontade e ela podia sentir isso. Sentir que eu a queria fez ela querer a mim também, então sua respiração ofegante já não era mais por cansaço, mas respirava forte de desejo. Parecia me querer como eu a queria. Pra me certificar disso, até a soltei dos meus braços e desta vez quem me agarrou foi ela. Com uma mão me pegou forte pela blusa e com a outra apertou a minha nuca e me puxava em sua direção como me chamando para um 
beijo. Minha boca procurava a dela, mas a dela da minha fugia. Não me recusando, mas sim provocando. Virou o rosto, puxou seus cabelos para um lado, e me exibiu a nuca. Irrecusável, beijei. Minha boca entre algumas leves mordidas, passeavam junto a minha língua pelo pescoço dela. Arrepiado, ela ainda tremia, mas antes apenas pelo frio, e agora, de tesão. Suas mãos, passeavam pelo meu corpo me cravando os dedos. Me puxando pra junto dela, agora suas mãos pelo meu corpo não apenas passeavam, mas também procuravam por algo e parecia ter achado, quando começou a abrir o meu cinto. Minhas mãos audaciosas também descobria o corpo dela e mesmo de olhos fechados, sentindo, eu era capaz de visualiza-los. Mas nada era tão perfeito como a pele lisa e o corpo gostoso daquela mulher que estava entre meus dedos. Ela sussurrava em meus ouvidos " Não me desejava ?" dava uma pausa, me lambia e continuava " Agora sou sua! " me lambia e completava " toda sua". E eu que imaginava que já a queria muito, mas quando a voz dela ressoava, eu inteiro me arrepiava e me surpreendia com a capacidade de me excitar, como nunca, com aquela mulher. E nem da boca dela eu ainda havia provado. Mas me dei conta que tudo aquilo era fruto da minha imaginação, então abri os meus olhos e vi o quanto eu realmente estava excitado e exposto, por mais gente que já havia ido embora daquele lugar, ainda sim poderiam me reparar e reparar o quanto meu corpo deixava em evidencia com todo o tesão que sentia naquele momento. E ela ainda estava lá e agora eu a queria ainda mais.
Respirei fundo, me acalmei, criei coragem e fui ao seu encontro. No meio do caminho ainda meio tonto eu vi que ela sorria para a menina a sua frente que como se ninguém visse,ou querendo mesmo deixar aparente, e outra menina com quem conversava fazia questão de toca-la. Toca-la nas mão, nos braços, tocar em seus ombros e eu pude entender a linguagem corporal daquilo.
A princípio desanimei, perdi as esperanças, mas não desisti de me aproximar. Ainda mais quando surgiu a oportunidade vendo um amigo em comum se aproximar. Era risadas, conversas, bebidas, cada vez mais risadas do que conversas, mais gente se aproximando, mais bebida, um tal de um encostar no outro pra falar alguma coisa, mais bebidas e as horas se passavam como se fossem minutos e a cada minuto passado era a certeza de uma mulher atraente, inteligente daquelas que fazem tremer as pernas de um homem, mas não as minhas.
No meio daquela bagunça de conversas, um falando mais que o outro, rindo alto eu vi ela se acalmar, como se estivesse dando conta de que queria outra coisa. Sumiu com o sorriso do seu rosto e olhou para a tal outra menina com um olhar profundo, um olhar sedutor, dizendo desta forma algo que só a outra poderia ser capaz de entender, mas eu, ali, também pude entender o que ela queria.Uma saiu e logo em seguida a outra foi atrás e sem perceberem a ausência das duas, pensei que pudesse ir atrás delas sem que percebessem a minha também.
Fui guiado pelo som das risadas delas pelo meio do mato, uma espécie de trilha. E pude avista-las num deck de madeira em pé no meio de um lago no exato momento que uma se aproximava da outra. Mexiam em seus cabelos e aproximavam suas bocas.
Era madrugada, mas com noite de lua cheia que refletia no lago e iluminava toda aquela cena. Mais pra um espetáculo, que estava apenas começando. E era eu o espectador. Muitos não ficariam satisfeitos com isso, gostariam na verdade de ser o ator principal da história mas eu provara ali, até para mim mesmo, que às vezes apenas olhar pode ser tão prazeroso quanto ou até mais do que participar. E tinha ainda mais esta certeza, a medida que elas iam se beijando e o ritmo aumentando. Uma pegou forte na cintura da outra e a puxou contra o seu corpo, e neste momento eu já começava a suar. Enquanto a que foi puxada tinha as mãos no pescoço da outra, a que puxou continuava a beijar e passava suas duas mãos pela parte de trás das coxas subindo para a bunda depois pelas costas e ia subindo com suas mãos pelo corpo dela e com isso fazendo com que a blusa dela subisse também, até a tirar. Uma foi despindo a outra por inteiro tirando seus sutiãs e suas calcinhas numa renda preta excitante e se afastaram para se olharem e se admirarem da cabeças aos pés. E eu ali, louco, olhando, admirando e desejando as duas.
Pegavam-se pelos cabelos e diziam em seus ouvidos o que infelizmente eu não podia ouvir, apenas deduzir. Ficaram encaixadas com uma dando as costas para a outra, nuas apenas vestida com suas tatuagens e pelos arrepiados. Beijava-se a nuca e deitaram-se no chão. Uma ficou de lado, meio por cima encarando a outra que estava embaixo dela. Observava os reflexos em sua feição enquanto passeava com os dedos por todo seu corpo, depois com sua boca. Lambia seus seios, o seu corpo inteiro e entre as pernas de um jeito que eu quase pude sentir o gosto do corpo dela também. Seus dedos continuavam a provocar, e ela continuava a fazer tudo isso e a olhar. Olhava para ver a sua cara de prazer e com isso sentir também, porque era isso que ela a dava. A elas e a mim, prazer.
E eu que pensei saber o que era prazer, ver aquelas duas mulheres lindas hora românticas hora pervertidas, era por Deus a melhor coisa que já vira. Melhor que isso, apenas se estivesse eu em meio as duas.
Gemidos já deixam qualquer homem maluco, e ouvir de duas sem poder te-las era mais que suplício.
Era consumado, chegara ao auge do desejo e satisfizeram-se. E a mim, mesmo de longe, apenas observando isso também foi possível. Mesmo que pelas minhas próprias mãos, mas instigado de forma extasiadora.
Tentei me recompor, mas com as pernas ainda um pouco 
bambas voltei ao encontro do resto do pessoal. E logo em seguida elas também apareceram, lógico que achando que eu estivera ali, com todos, também o tempo todo.. E como eu havia previsto, constatei que realmente não se atentaram à nossa ausência.
Eu mal conseguia prestar atenção no que falavam. A não ser no que estava ali fresco em meus pensamentos.
Conversa vai, conversa vem e chegara a hora de ir embora. Todos se despedindo, mas eu louco para dar logo nem que um beijo no rosto dela. Quando finalmente veio ao meu encontro, no mesmo instante que fui de encontro ao rosto dela para me despedir, ela afastou o dela do meu, me olhou fixamente e sem eu entender ela aproximou a boca dela ao pé do meu ouvido e apenas perguntou "Gostou do que viu?"e antes que eu pudesse responder completou "sei que estava lá e sei que gostou!" quando fui concordar, ela terminou "melhor teria sido você curtindo com a gente, do que curtindo sozinho" Deu uma mordida de leve em minha orelha e se foi.
Fiquei parado, sem reação. Embora mil coisas estivessem passando pela minha cabeça meu corpo não reagia. Queria puxa-la pelo braço e toma-la como antes imaginei. Mas não era o momento. Era hora de ir. Mas ficarei ansioso pela espera de outra gota de chuva nos meus óculos cair.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Não são versos somente

Tenho na grafite de um lápis,
No bico de uma pena,
Na ponta dos meus dedos
Sussurradas pela minha boca
Tenho entre todos os meios
Palavras ardentes 
Que não são versos somente
É como plantada dentro de mim a semente
A vontade de proferir de forma incandescente 
O desejo repente.

Tenho a alma inflamada
Uma avidez que não se permite ficar calada
Sobre tudo a porta de entrada
Para uma vasta enleada.

Tenho olhos argos
Rodeados de mistérios 
Alguns que desvendo entre meus versos
Prelúdios

Tenho meu corpo quente
E de outro junto ao meu, tão dependente
Por isso às vezes tão impaciente
Que procura veemente
Por outros corpos imprudentes

Tenho a alma impetuosa
Por vezes tão dengosa
Às vezes preguiçosa
Mas curiosa se atiça
E se torna perigosa.
Basta só meia prosa.
Tenho como pecado a cobiça
Minha cativante primícia
Minha eterna malícia.






terça-feira, 14 de junho de 2011

Metade dos inteiros quentes pelo frio da noite


Vinho faz a gente falar tudo e eu que já tomei uma garrafa inteira neste frio, confesso a falta que me faz um alguém para me esquentar.
- Qualquer um?
Sim! Ou melhor, qualquer um que me coloque no colo ou que me encoste no peito.
Que solte o meu cabelo e passe seu dedos entre os fios por todo o cumprimento.
O que eu mais queria agora era alguém olhando pra mim e me admirando. Alguém que sorrisse pra mim e achasse tudo uma singularidade atraente. 
- Seria um voluntário, fácil! 
Mas ela continuou sem mal ler o que ele escrevia.
Que risse das minhas besteiras tentando acompanhar as mais de 3 mil palavras que eu falo por minuto. Alguém pra deitar de lado ao meu lado e me apertar contra o seu corpo e procurar com os seus pés os meus.
Mas ainda eu tenho frio!
Mas ainda eu sinto frio!
Mas ainda estou aqui, sozinha! E querendo tudo isso. Mas e você o que faz agora? 
Perguntou demonstrando interesse, finalmente, em algo que não dizia respeito somente a ela.
- Desenhando. Mas traços não estão mais saindo como normalmente.
Os seus?
- Sim, mas alguns já não saem como o esperado, pois tenho imaginação também.
Agora como saem? 
- Agora saem traços pela metade.
METADE?
- Metade no papel e metade na cabeça.
Ainda melhor que metade no coração!
- Não é melhor o desejo por inteiro?
Desejo que é desejo só é inteiro! Desejo pela metade é apenas querer.
- Quero metade do seu vinho então!
Talvez o gosto ainda esteja pela metade, na minha boca.
- Fico com metade do vinho da sua boca e sinto o gosto por inteiro.
Assim tão longe, não sente o gosto nem pela metade.
- Pode ser de perto pra começar pela metade do gosto.
Posso ir te encontrar na metade do caminho.
- E  te encontrar por inteira?
Me explique, nem que pela metade, como seria isso!
- Pode ser num dia frio por inteiro, na metada da noite.
Me quer de verdade? Ou pela metade?
- Prefiro por inteira.
Desde quando? Isso foi o tempo inteiro, ou da metade pra cá?
- Dá metade pra cá, suas palavras são interiramentes certeiras. E seu frio eu freio!
E eu te esquento por inteiro!
-  Com o gosto ou o calor do vinho?
Com tudo ao mesmo tempo, sem nenhum contratempo será este o nosso passa- tempo.
- Com poesia, verso, prosa? Metade meus dedos, metade rosa desfilando em seus pés, encontrando o pescoço sem tempo, sem pressa, sem esforço.
Então sem esforço desejo agora o seu corpo no meu  corpo sem fazer estorço. Sem temeridade me invade e descubra além da minha metade.
- Por inteiro? ... Seu corpo em chama, calor do vinho minha boca derrama, descobrindo o caminho sobre seu corpo antes frio, só em casa, fez seus olhos em brasa.
E você ainda aí sozinho? enfiado num quartinho? Abrindo mão do meu calor em desalinho. Só te peço carinho! Vem pra mim!  Vem, e chegue bem de mansinho, me peça o que quiser com jeitinho, baixinho no meu ouvidinho. A hora está passando e o vinho da minha boca se evaporando. E vc, estou cada vez mais desejando.
- Tô levando a sério isso.
Não sabia que era brincadeira até agora.Era?
- Nem as palavras estão brincando.
Estão apenas nos provocando.
- Provocando? Já fiquei furioso!!!
Então não seja teimoso. Conheça a outra metade por inteiro, não é curioso?
- Inteiramente curioso, ainda mais pela metade. Mas suas palavras queimam e causa um certo incendio em mim.
Ainda que nem sentiu o meu calor, que mesmo no frio tem seu fervor.
- Suas ardentes palavras me excitam pensamentos inflamáveis. Esse gelo se derrete, a solidão acaba e agente se diverte!
Então o porquê você ainda está inerte? Rimas a parte, seu desejo mesmo arde?
- Arde e arderá por muitas tardes! Desejo sem freio, braço firme em seu corpo, beijos em sua boca.
Desejo sem freio que te deixou aí estacionado?
- E o que sujere para que eu dê a partida?
Perguntei se te encontrava pela metade do caminho! Mas a hora com eu disse passou e vinho da minha boca  pelos meus poros se evaporou. A sua boca a minha não beijou.Meu corpo o seu não amou. Ficou uma história pela metade de desejos aparentemente por inteiro.
- Desejos acabam como vinho? Ou podem ser acesos como uma vela?
O vinho acaba no último gole, mas o efeito perpetua por algum tempo. Sem contar que vicia e é prazeroso como  qualquer desejo realizado. Mas que infelizmente não é o nosso caso.
- E como seria "nosso" realizado?
Repito, por mim já estaria no meio do caminho.
- Apenas sei o caminho das minhas mãos, mas não dos meus pés!
Das suas mãos quem me guia é você. Dos seu pés eu posso te guiar ensinando o caminho.
- Eu quero o caminho por inteiro.
Tenho vontade de te ver, te ver inteiro. Venha logo! Preciso dar forma para os meus pensamentos. Para o que agora mais do que imagino.
- Pelas palavras ou pela noite fria?
Já o tenho pelas palavras.
- Você me contorce com essas palavras. Ainda sabendo que é linda, sozinha e com vinho. Você acaba comigo!
AINDA, continuo te querendo.
- E porque isso, qual a explicação?
Tem mesmo que ter?
- Você me detona nas questões.
Explicação é uma justificativa, uma razão, um motivo. Desejo não tem nada a ver com isso, é justamente a não razão, é justamente a falta de qualquer motivo, é porque é. Você quer?
- Quero muito!
Querer muito, então, seja talvez uma resposta para a pergunta que me fez. Ou melhor, seja a tal explicação! Queremos muito e PONTO.
- Será que isto é verdade. Que sorte a minha!
Sorte? considere quando conhecer a outra metade, e se achar que isso ainda sim é sorte! Se é verdade? Isso é!!! Mas está ainda pela metade. O resto, veremos quando estivemos frente a frente, por inteiro.
- Você  faz com que eu respire mais fundo.
Saber que sou capaz disso, faz com que eu respire exatamente da mesma forma que você! 
- Posso sentir meu olhar encontrando o seu. Alguns disparos foram certeiros essa noite!
Sinceramente não teria terminado isso só nas palavras. A tal noite fria pela qual o desejei ao meu lado logo menos dará espaço para o dia provavelmente frio também!
Se ainda me quiser pelo dia frio. Mesmo  que não por esta noite, nem que pelo dia que logo menos vem. Mas por algum dia frio ou quente pois já me cansei de apenas imaginar. Agora quero é ter mesmo
- Os dois corpos se contorcendo?
Se ambos tiverem o mesmo ritmo que tem nas palavras.
Ninguém para no primeiro gole de vinho e o inverno está apenas começando!




















sexta-feira, 10 de junho de 2011

Próxima Parada

Eu me pensei capaz de ver através dos seus olhos e perceber um além de me olhar.
Pensei perceber um anseio tímido. Uma vontade voraz.
Mas que, se bem percebido, foi fugaz.
O que quer de mim rapaz, ainda com olhares pertinaz?
Cobiça veraz?

Entregue-se com avidez
Convença-me com solidez
Deixe de lado toda esta timidez
Contemple minha nudez
Experimente-me de vez

Não é isso que seus olhos me diz?
Se não for, devo eu ser uma aprendiz.

Talvez deva estar mesmo enganada, pois já o vejo dando sinal para a próxima parada.












terça-feira, 7 de junho de 2011

Desobedientes

Tento prestar atenção no que me diz, mas meus olhos desobedientes me fazem olhar para sua boca e perder o foco. Não presto atenção as palavras que suavemente discursa, mas aos movimentos que com ela faz.
E viajo...
Imagino seus lábios pelo meu corpo e passeio sobre traços fônicos da sonoridade. Oxítonas, vogais, consoantes. Nos imagino como amantes, mas dou por mim e tento lembrar do que me disse antes.
Tento prestar atenção no me que diz, mas meus olhos desobedientes me fazem olhar para os seus e novamente perco o foco. Imagino coisas e quase me sufoco quando em meus pensamentos viajo e nele, em seu corpo, toco.
Tento prestar atenção no que me diz, mas meus olhos desobedientes procura por sua mão. Vai além a minha imaginação.
Sem repreensão, imagino minhas mãos ocupando das suas o vão. Conexão.
Eu tento prestar atenção, mas meus olhos desobedientes se fecham, já virou escravidão. 
Sinto seu cheiro doce, derradeiro. Entrego ao cavalheiro forasteiro, desejo verdadeiro. Passageiro, mas desta noite companheiro.
Prestar atenção no que me diz já não mais tento. Suas palavras deixo ao relento, as lembrarei em fragmentos. Agora só me importo com tais pensamentos e por Deus, que seja lento!