terça-feira, 14 de junho de 2011

Metade dos inteiros quentes pelo frio da noite


Vinho faz a gente falar tudo e eu que já tomei uma garrafa inteira neste frio, confesso a falta que me faz um alguém para me esquentar.
- Qualquer um?
Sim! Ou melhor, qualquer um que me coloque no colo ou que me encoste no peito.
Que solte o meu cabelo e passe seu dedos entre os fios por todo o cumprimento.
O que eu mais queria agora era alguém olhando pra mim e me admirando. Alguém que sorrisse pra mim e achasse tudo uma singularidade atraente. 
- Seria um voluntário, fácil! 
Mas ela continuou sem mal ler o que ele escrevia.
Que risse das minhas besteiras tentando acompanhar as mais de 3 mil palavras que eu falo por minuto. Alguém pra deitar de lado ao meu lado e me apertar contra o seu corpo e procurar com os seus pés os meus.
Mas ainda eu tenho frio!
Mas ainda eu sinto frio!
Mas ainda estou aqui, sozinha! E querendo tudo isso. Mas e você o que faz agora? 
Perguntou demonstrando interesse, finalmente, em algo que não dizia respeito somente a ela.
- Desenhando. Mas traços não estão mais saindo como normalmente.
Os seus?
- Sim, mas alguns já não saem como o esperado, pois tenho imaginação também.
Agora como saem? 
- Agora saem traços pela metade.
METADE?
- Metade no papel e metade na cabeça.
Ainda melhor que metade no coração!
- Não é melhor o desejo por inteiro?
Desejo que é desejo só é inteiro! Desejo pela metade é apenas querer.
- Quero metade do seu vinho então!
Talvez o gosto ainda esteja pela metade, na minha boca.
- Fico com metade do vinho da sua boca e sinto o gosto por inteiro.
Assim tão longe, não sente o gosto nem pela metade.
- Pode ser de perto pra começar pela metade do gosto.
Posso ir te encontrar na metade do caminho.
- E  te encontrar por inteira?
Me explique, nem que pela metade, como seria isso!
- Pode ser num dia frio por inteiro, na metada da noite.
Me quer de verdade? Ou pela metade?
- Prefiro por inteira.
Desde quando? Isso foi o tempo inteiro, ou da metade pra cá?
- Dá metade pra cá, suas palavras são interiramentes certeiras. E seu frio eu freio!
E eu te esquento por inteiro!
-  Com o gosto ou o calor do vinho?
Com tudo ao mesmo tempo, sem nenhum contratempo será este o nosso passa- tempo.
- Com poesia, verso, prosa? Metade meus dedos, metade rosa desfilando em seus pés, encontrando o pescoço sem tempo, sem pressa, sem esforço.
Então sem esforço desejo agora o seu corpo no meu  corpo sem fazer estorço. Sem temeridade me invade e descubra além da minha metade.
- Por inteiro? ... Seu corpo em chama, calor do vinho minha boca derrama, descobrindo o caminho sobre seu corpo antes frio, só em casa, fez seus olhos em brasa.
E você ainda aí sozinho? enfiado num quartinho? Abrindo mão do meu calor em desalinho. Só te peço carinho! Vem pra mim!  Vem, e chegue bem de mansinho, me peça o que quiser com jeitinho, baixinho no meu ouvidinho. A hora está passando e o vinho da minha boca se evaporando. E vc, estou cada vez mais desejando.
- Tô levando a sério isso.
Não sabia que era brincadeira até agora.Era?
- Nem as palavras estão brincando.
Estão apenas nos provocando.
- Provocando? Já fiquei furioso!!!
Então não seja teimoso. Conheça a outra metade por inteiro, não é curioso?
- Inteiramente curioso, ainda mais pela metade. Mas suas palavras queimam e causa um certo incendio em mim.
Ainda que nem sentiu o meu calor, que mesmo no frio tem seu fervor.
- Suas ardentes palavras me excitam pensamentos inflamáveis. Esse gelo se derrete, a solidão acaba e agente se diverte!
Então o porquê você ainda está inerte? Rimas a parte, seu desejo mesmo arde?
- Arde e arderá por muitas tardes! Desejo sem freio, braço firme em seu corpo, beijos em sua boca.
Desejo sem freio que te deixou aí estacionado?
- E o que sujere para que eu dê a partida?
Perguntei se te encontrava pela metade do caminho! Mas a hora com eu disse passou e vinho da minha boca  pelos meus poros se evaporou. A sua boca a minha não beijou.Meu corpo o seu não amou. Ficou uma história pela metade de desejos aparentemente por inteiro.
- Desejos acabam como vinho? Ou podem ser acesos como uma vela?
O vinho acaba no último gole, mas o efeito perpetua por algum tempo. Sem contar que vicia e é prazeroso como  qualquer desejo realizado. Mas que infelizmente não é o nosso caso.
- E como seria "nosso" realizado?
Repito, por mim já estaria no meio do caminho.
- Apenas sei o caminho das minhas mãos, mas não dos meus pés!
Das suas mãos quem me guia é você. Dos seu pés eu posso te guiar ensinando o caminho.
- Eu quero o caminho por inteiro.
Tenho vontade de te ver, te ver inteiro. Venha logo! Preciso dar forma para os meus pensamentos. Para o que agora mais do que imagino.
- Pelas palavras ou pela noite fria?
Já o tenho pelas palavras.
- Você me contorce com essas palavras. Ainda sabendo que é linda, sozinha e com vinho. Você acaba comigo!
AINDA, continuo te querendo.
- E porque isso, qual a explicação?
Tem mesmo que ter?
- Você me detona nas questões.
Explicação é uma justificativa, uma razão, um motivo. Desejo não tem nada a ver com isso, é justamente a não razão, é justamente a falta de qualquer motivo, é porque é. Você quer?
- Quero muito!
Querer muito, então, seja talvez uma resposta para a pergunta que me fez. Ou melhor, seja a tal explicação! Queremos muito e PONTO.
- Será que isto é verdade. Que sorte a minha!
Sorte? considere quando conhecer a outra metade, e se achar que isso ainda sim é sorte! Se é verdade? Isso é!!! Mas está ainda pela metade. O resto, veremos quando estivemos frente a frente, por inteiro.
- Você  faz com que eu respire mais fundo.
Saber que sou capaz disso, faz com que eu respire exatamente da mesma forma que você! 
- Posso sentir meu olhar encontrando o seu. Alguns disparos foram certeiros essa noite!
Sinceramente não teria terminado isso só nas palavras. A tal noite fria pela qual o desejei ao meu lado logo menos dará espaço para o dia provavelmente frio também!
Se ainda me quiser pelo dia frio. Mesmo  que não por esta noite, nem que pelo dia que logo menos vem. Mas por algum dia frio ou quente pois já me cansei de apenas imaginar. Agora quero é ter mesmo
- Os dois corpos se contorcendo?
Se ambos tiverem o mesmo ritmo que tem nas palavras.
Ninguém para no primeiro gole de vinho e o inverno está apenas começando!




















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