domingo, 18 de março de 2012

Ainda (ou sempre)

Eu quero o gosto,
O cheiro,
O movimento.
Quero o sal do seu suor na língua da minha boca.

Quero a boca!
Quero a língua !

O cravar do dente,
O eriçar do pelo.

O  toque com a saliva.

O corpo hirto.
Mútuo.

Ranjo dentes com Sol a pino.
De lembranças me animo,
Com fantasias incremento.

Meu corpo se torce.
Desejo impele.
Coração propele.

Respiração se ofega.
 - E minha cara não nega!

Mordo os lábios,
Bato a caneta,
Respiro fundo,
A hora passa.

( mas não passa)

Do céu azul se faz o negro.
Tempestade anuncia.
O calor refresca,
Mas não o de dentro.

- E esse arde!

E a chuva inunda e de prazeres ainda mais
transbordo.

A noite chega.
E ainda de inquieto desejo, na minha cama me deito.
Só de calcinha ascendo um cigarro e ilumino o escuro quarto com a brasa e a luz da lua que entra com o vento pela porta aberta da sacada .
O vento entra e sobe enroscado por minhas pernas,
Se torce pelo meu corpo.
Você se aproveita e diz -me então que este  vento é você.
E então este vento também não refresca. Não venta  nem se mescla.
Só deixa o corpo em festa.

Mas você, cadê?

Então permito ao vento, que pelas pernas subiu.
Me molhou, e minhas mãos pelo meio delas se encontrou.

O cigarro se acabou.
O Desejo se acalmou
Mas de você, permaneceu.

A noite se foi.
O dia chegou.
E esse desejo, que ainda não morreu?