quarta-feira, 8 de abril de 2009

Se eu pudesse escrever uma carta ...

Estou cansada de ver meu nome na mídia.
Eu cansei de ser página de jornal e manchete de rádio. Cansei do meu nome na boca dos âncoras dos telejornais.
Estou cansada de ser desejada e contraditoriamente rejeitada.
Já me cansei das juras de evolução e acabar sempre sozinha, perdida na regressão.
Não quero ser mais motivos de protestos, nem andar de branco e nem acender velas. Não quero mais ninguém chorando nem gritando por mim. Não quero mais ninguém rezando querendo me encontrar.Porque é ironia não ser motivo pra travar batalhas e sim iniciar guerras... Guerras? Justo por mim?
Isso é injusto.

Estou cansada.

Quero sombra e água fresca. Quero ser livre e não mais reinar no coração dessa gente, pelo menos por enquanto.
Preciso descansar pois já me cansei de ficar parada esperando alguém definitivamente me usar.
Assim quem sabe, descansada eu possa ser útil pra alguém e, quando com necessidade verdadeira, me procurarem quem sabe possa não ser mais jurada em vão.

Eu quero Paz!

Ass.: Paz

terça-feira, 7 de abril de 2009

Visão da Recepção

Essa jornada diária é uma batalha corrida, mas necessária. E começa cedo... Bem cedo, com o mesmo cheiro de sempre, o de café fresquinho. É como numa trilha sonora que embala dias que nunca serão os mesmos.

Daqui posso ver cortado por um balcão, da metade pra cima, um corredor.Um corredor com 4 elevadores das quais incontáveis pessoas entram e saem pelas portas que se abrem e fecham seguidas de um sonoro
PIN PIN PIM PIMMM ” que os quatro propagam, irritantemente, às vezes até simultaneamente.
Posso observar o mais variado tipo de rostos, cabelos, roupas e ...Cavalos. Cavalos azuis, amarelos, rosados... Bordados em cima do bolso do lado direito de suas camisas, provavelmente compradas em algum Outlet de uma de suas viagens ao exterior. Estados Unidos Provavelmente. Já vi um carioca no Outlet da P. Ralph Lauren, dos Estados Unidos, insistir em entrar em um número de terno menor do qual usava. É cada coisa...

Aqui há risadas, algumas altas e exageradas. Amigos, “inimigos”, elogios e broncas.

Mal entendidos...

Posso ver e ser vítima dos mais variados tipos de humor. Há quem pela manhã, do outro lado, chega a me mandar beijos e no dia seguinte só falta me mandar praquele lugar.. Aquele mesmo. E por qual razão? Normalmente é sempre para o primeiro que encontra pela frente. E eu? Bem, eu sempre estou aqui na frente.


Tem dias que parece que o mundo vai acabar em um minuto.


Telefone tocando, barulho de salto se mesclando com alguém no Nextel chamando. É Papel A4, grampo, envelope e mais cavalos no galope a sair do elevador. China in Box, Reunião...

- Aceita uma água ou um café?
Transferência de ligação.
Noutro é possível ouvir a musica que toca baixinho vindo lá do final do corredor, dentro do banheiro. É como uma espécie de vaca amarela retornasse das brincadeiras infantis para o mundo dos Business.

Das conversas fragmentadas, conclusões precipitadas eu poderia tirar.Tantas coisas ditas diretas e indiretamente. Quantos desabafos, recados e e-mails enviados.

Gente pra lá e pra cá, embora mais pra lá do que pra cá. Gente que te vê, que desvia o olhar ou que eu não vejo, mas fazem de tudo pra eu reparar.
Pessoas concentradas, distraídas, desastradas. Algumas até perdidas.

A hora passa, a fome aumenta o humor acaba.
O cheiro de café, não mais fresco, mistura-se com os mais variados outros cheiros que vem da copa. Pra quem já comeu isso daria asco. Mas pra que fica, como um cachorro de olho em qualquer migalha que seria bem vinda, isso seria uma explosão de sabores. Ainda bem que existem os chocolates dos seus mais variados tamanhos e sabores e também as bolachas de alguém que sempre com carinho lembra de mim e com carinho eu sempre me lembrarei delas.

Olho no relógio , vejo que o final se aproxima e que mais um dia valeu a pena. Às vezes um dia pra lembrar e outros pra esquecer, mas quando se tem um propósito na vida tudo vale a pena!



O elevador se abre, mas dessa vez pra mim. Disputo meu espaço com meia dúzia de engravatados e as portas então se fecham, encerrando um dia que parecia não ter fim...








segunda-feira, 6 de abril de 2009

"O Branco de Escritor"

Um dia, na tentativa inútil de escrever algo, quando revoltada por não sair da quarta linha, (alias, antes fossem quatro. Eu não consegui sair da terceira linha e meia) Desabafei, indignada, com um amigo. Justo eu, que excedia sempre a regra das aproximadamente 15/20 linhas das redaçãos. Ele me disse que isso se chama “ Branco de Escritor”
Faz uma semana que convivo com isso. Então, nada mais justo que...

O Branco de Escritor

Dá um Branco!
E fica literalmente deixado em branco o papel, o programa de texto, a agenda o papel de rascunho ou o bloquinho de anotações. Acontece isso ou, as poucas palavras indecisas são
rabiscadas e apagadas. São desistidas.
É a inspiração impossível de ser descrita, mas quando tenta descrever... Dá um branco.
As idéias se misturam.
Passam a existir inúmeros começos, mas nenhum meio e sem nenhum final.
A sensação de impotência cria um potencial. Pq pode-se se ver escapar entre os dedos uma das poucas coisas que aprendemos a fazer, escrever.
É como a mão pesada de sal no prato do famoso cozinheiro. Ou como uma corda desafinada no instrumento do violeiro.É como num sono pesado, calado que aquieta o arruaceiro.
É como uma criança que se cansa, mas não descansa com seu pequenino travesseiro.

Eu penso e repenso. Escrevo, mas depois apago. Insisto, mas logo desisto.
Amasso o papel branco das brancas idéias que tenho.
Escrevo coisas sem nexo, mas Deus queira que isso não vire um complexo.