quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Reticências

Bendita seja as madrugadas,
De janelas abertas e enluaradas.
Bendita seja sua cama,
Nós sem roupa e nem pijama.
Ao som do jazz
Cachorro na bera da cama,
Em nossos pés.


Bendita seja a penumbra daquelas noites,
Que me saciavam iluminando partes do seu corpo.
E se formavam em minha saudade
Em quebra cabeça, imagens de você.


Bendito seja nossos sorrisos.
Alguns subentendidos.

Nossos olhares trocados
Embora cansados,
Dedicados.

Eu tinha sua atenção!

Ao despertar tinha seus olhos em meu rosto,
Atentos para minha boca.
Seus braços e pernas em meu corpo envolto.

Tinha você quase me sufocando, me querendo, me adorando.
E quase até de olhos cerrados,
Você me olhava, dizia que me queria, me beijava.
Apertava minhas pernas, 
Deixava os seus dedos marcado nelas,
Me convencia,
Então com força minhas pernas você abria, 
Sua lingua me lambia,
E uma de suas mãos pela minha barriga subia.
Ela apertava meus seios, 
E então eu perdia o freio, 
Só queria te ter!

Me inspirou sempre o desejo.
Entrelaçando entre seus dedos,
Os meus cabelos.
Era de enlouquecer.

Bendito seja os lençóis desarrumados,
Com manchas de suor.

Nosso corpo molhado,
Deitados lado a lado 
Adormecíamos abraçados
Laçando um nó.

Seu corpo nu ainda junto ao meu, 
Me fazia te ter também nos sonhos.
Me acordava pela manhã risonho,
E se convidava a me dar o banho.

Me abraçava gostoso.
Me jogava na cama de novo.
Atrasados, mas querendo sempre mais um pouco 
Desejando juntos, ficar ali, inconhos.

Me beijava com a boca de café
Abria o portão,
E como quem se ajoelhava aos meus pés, pelo olhar dizia " volte esta noite ou não tem perdão."

Onde foram parar os sonhos.
Onde foram parar nossa doce essência.
Será que ela se perdeu entre os lençóis bagunçados?

Eu deixei a cama desarrumada antes de sair,
Para que nas noites dos desencontros, você pudesse me encontrar em cada vinco que fizemos,
e sorrir!
E quem sabe, encontrar no seu sorriso um pedaço de mim, dentro de você.
Algo que te fizesse feliz.
Algo que no meio daquela bagunça, desse ordem á sua vida.
Que te desse sentido.
Mas talvez fosse uma esperança que eu havia nutrido.

A volta pra casa, por essas noites, ficou sem graça.
Só tem sentido quando você abre o portão
E então me abraça.

Mas não se tem mais o abraço.
Não se chega mais ao portão.
É que o espaço já não está mais vago,
Se tem agora a lembrança  da despedida que aperta o coração.

Mas eu estarei em cada canto da sua casa.
Eu estarei em cada pedaço que beijei de você.

O outro lado da cama vazio, jamais significará nunca preenchido.
O chuveiro desligado, não significa meu corpo nunca molhado.
O filme pela metade,  não significa um filme perdido.
O que passamos juntos, jamais será só meu ou seu.

Um tempo, não significa para sempre.

Um período,
Um instante,
Uma pausa.

Reticências
( ...)

Necessária para uma vírgula ou ponto final.

Não poder, jamais será não querer.
Ter você, jamais será te esquecer.













































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