quinta-feira, 16 de junho de 2011

Gota de chuva nos meus óculos

Uma gota de chuva caiu e embaçou meus óculos e através dela pude ver também embaçada a silhueta de uma mulher antes, por mim, nunca vista ou reparada.
Imediatamente retirei meus óculos para limpa-lo, mas mais que isso para vê-la melhor, e aos poucos lamentei por isso. Com a mesma rapidez que aquela gota de chuva caiu nos meus óculos, era como ela, com cada movimento, cada sorriso, caia. Ou melhor, pousava leve sobre mim. Leve como uma folha seca derrubada pelo vento do outono, mas que renascia em mim verde como quando na primavera.
Entre tanta gente disputando o mesmo espaço. Tanta correria. Gente passando em minha frente. Com tanto barulho, eu podia acompanhar no olhar onde quer que ela fosse e de onde estivesse escutar a sua voz. E reparar nela, só fazia por aumentar ainda mais o meu desejo que crescia desenfreadamente e tão desesperador que chegava a ser incômodo. Porque eu a queria. Queria ali, naquele momento, naquela hora, a qualquer custo, sem se importar em como. Se por ela sim, ou não. Apenas possuí-la, como uma vontade e um ato primitivo.
Queria interromper as suas conversas, ter a sua atenção, rouba-la de quem quer que fosse.
A vontade era de pega-la por seu braço, puxa-la até se fosse contra a sua vontade, agarra-la mesmo que ela me empurrasse contra seu corpo, ou até que tentasse se debater para escapar de mim, era a minha vontade. Vontade de segura-la forte até que ela não pudesse mais e, aí então, reparar em mim.
Mas eu tinha que me segurar. Segurar todas essas vontades, extintos, desejos e tudo mais que ela foi capaz de despertar em mim.
Fechei meus olhos, na tentativa de me acalmar respirava fundo, mas por Deus, era como se eu respirasse o perfume dela. E por mais uma vez não pude me acalmar.
Então, se eu não poderia tê-la, ainda de olhos fechados me permiti imaginar.
Depois de segura-la forte até que ela não pudesse mais, aí então, reparou em mim. E novamente meus óculos ficaram embaçados, mas desta vez por culpa do seu hálito quente, da sua respiração ofegante, que até esquentava o meu rosto que estava bem próximo ao dela. Estava tão frio e nos meus braços ela tremia. Mas ela havia mesmo reparado em mim. Me olhou fixamente, e ainda a segurava com força, com desejo, com vontade e ela podia sentir isso. Sentir que eu a queria fez ela querer a mim também, então sua respiração ofegante já não era mais por cansaço, mas respirava forte de desejo. Parecia me querer como eu a queria. Pra me certificar disso, até a soltei dos meus braços e desta vez quem me agarrou foi ela. Com uma mão me pegou forte pela blusa e com a outra apertou a minha nuca e me puxava em sua direção como me chamando para um 
beijo. Minha boca procurava a dela, mas a dela da minha fugia. Não me recusando, mas sim provocando. Virou o rosto, puxou seus cabelos para um lado, e me exibiu a nuca. Irrecusável, beijei. Minha boca entre algumas leves mordidas, passeavam junto a minha língua pelo pescoço dela. Arrepiado, ela ainda tremia, mas antes apenas pelo frio, e agora, de tesão. Suas mãos, passeavam pelo meu corpo me cravando os dedos. Me puxando pra junto dela, agora suas mãos pelo meu corpo não apenas passeavam, mas também procuravam por algo e parecia ter achado, quando começou a abrir o meu cinto. Minhas mãos audaciosas também descobria o corpo dela e mesmo de olhos fechados, sentindo, eu era capaz de visualiza-los. Mas nada era tão perfeito como a pele lisa e o corpo gostoso daquela mulher que estava entre meus dedos. Ela sussurrava em meus ouvidos " Não me desejava ?" dava uma pausa, me lambia e continuava " Agora sou sua! " me lambia e completava " toda sua". E eu que imaginava que já a queria muito, mas quando a voz dela ressoava, eu inteiro me arrepiava e me surpreendia com a capacidade de me excitar, como nunca, com aquela mulher. E nem da boca dela eu ainda havia provado. Mas me dei conta que tudo aquilo era fruto da minha imaginação, então abri os meus olhos e vi o quanto eu realmente estava excitado e exposto, por mais gente que já havia ido embora daquele lugar, ainda sim poderiam me reparar e reparar o quanto meu corpo deixava em evidencia com todo o tesão que sentia naquele momento. E ela ainda estava lá e agora eu a queria ainda mais.
Respirei fundo, me acalmei, criei coragem e fui ao seu encontro. No meio do caminho ainda meio tonto eu vi que ela sorria para a menina a sua frente que como se ninguém visse,ou querendo mesmo deixar aparente, e outra menina com quem conversava fazia questão de toca-la. Toca-la nas mão, nos braços, tocar em seus ombros e eu pude entender a linguagem corporal daquilo.
A princípio desanimei, perdi as esperanças, mas não desisti de me aproximar. Ainda mais quando surgiu a oportunidade vendo um amigo em comum se aproximar. Era risadas, conversas, bebidas, cada vez mais risadas do que conversas, mais gente se aproximando, mais bebida, um tal de um encostar no outro pra falar alguma coisa, mais bebidas e as horas se passavam como se fossem minutos e a cada minuto passado era a certeza de uma mulher atraente, inteligente daquelas que fazem tremer as pernas de um homem, mas não as minhas.
No meio daquela bagunça de conversas, um falando mais que o outro, rindo alto eu vi ela se acalmar, como se estivesse dando conta de que queria outra coisa. Sumiu com o sorriso do seu rosto e olhou para a tal outra menina com um olhar profundo, um olhar sedutor, dizendo desta forma algo que só a outra poderia ser capaz de entender, mas eu, ali, também pude entender o que ela queria.Uma saiu e logo em seguida a outra foi atrás e sem perceberem a ausência das duas, pensei que pudesse ir atrás delas sem que percebessem a minha também.
Fui guiado pelo som das risadas delas pelo meio do mato, uma espécie de trilha. E pude avista-las num deck de madeira em pé no meio de um lago no exato momento que uma se aproximava da outra. Mexiam em seus cabelos e aproximavam suas bocas.
Era madrugada, mas com noite de lua cheia que refletia no lago e iluminava toda aquela cena. Mais pra um espetáculo, que estava apenas começando. E era eu o espectador. Muitos não ficariam satisfeitos com isso, gostariam na verdade de ser o ator principal da história mas eu provara ali, até para mim mesmo, que às vezes apenas olhar pode ser tão prazeroso quanto ou até mais do que participar. E tinha ainda mais esta certeza, a medida que elas iam se beijando e o ritmo aumentando. Uma pegou forte na cintura da outra e a puxou contra o seu corpo, e neste momento eu já começava a suar. Enquanto a que foi puxada tinha as mãos no pescoço da outra, a que puxou continuava a beijar e passava suas duas mãos pela parte de trás das coxas subindo para a bunda depois pelas costas e ia subindo com suas mãos pelo corpo dela e com isso fazendo com que a blusa dela subisse também, até a tirar. Uma foi despindo a outra por inteiro tirando seus sutiãs e suas calcinhas numa renda preta excitante e se afastaram para se olharem e se admirarem da cabeças aos pés. E eu ali, louco, olhando, admirando e desejando as duas.
Pegavam-se pelos cabelos e diziam em seus ouvidos o que infelizmente eu não podia ouvir, apenas deduzir. Ficaram encaixadas com uma dando as costas para a outra, nuas apenas vestida com suas tatuagens e pelos arrepiados. Beijava-se a nuca e deitaram-se no chão. Uma ficou de lado, meio por cima encarando a outra que estava embaixo dela. Observava os reflexos em sua feição enquanto passeava com os dedos por todo seu corpo, depois com sua boca. Lambia seus seios, o seu corpo inteiro e entre as pernas de um jeito que eu quase pude sentir o gosto do corpo dela também. Seus dedos continuavam a provocar, e ela continuava a fazer tudo isso e a olhar. Olhava para ver a sua cara de prazer e com isso sentir também, porque era isso que ela a dava. A elas e a mim, prazer.
E eu que pensei saber o que era prazer, ver aquelas duas mulheres lindas hora românticas hora pervertidas, era por Deus a melhor coisa que já vira. Melhor que isso, apenas se estivesse eu em meio as duas.
Gemidos já deixam qualquer homem maluco, e ouvir de duas sem poder te-las era mais que suplício.
Era consumado, chegara ao auge do desejo e satisfizeram-se. E a mim, mesmo de longe, apenas observando isso também foi possível. Mesmo que pelas minhas próprias mãos, mas instigado de forma extasiadora.
Tentei me recompor, mas com as pernas ainda um pouco 
bambas voltei ao encontro do resto do pessoal. E logo em seguida elas também apareceram, lógico que achando que eu estivera ali, com todos, também o tempo todo.. E como eu havia previsto, constatei que realmente não se atentaram à nossa ausência.
Eu mal conseguia prestar atenção no que falavam. A não ser no que estava ali fresco em meus pensamentos.
Conversa vai, conversa vem e chegara a hora de ir embora. Todos se despedindo, mas eu louco para dar logo nem que um beijo no rosto dela. Quando finalmente veio ao meu encontro, no mesmo instante que fui de encontro ao rosto dela para me despedir, ela afastou o dela do meu, me olhou fixamente e sem eu entender ela aproximou a boca dela ao pé do meu ouvido e apenas perguntou "Gostou do que viu?"e antes que eu pudesse responder completou "sei que estava lá e sei que gostou!" quando fui concordar, ela terminou "melhor teria sido você curtindo com a gente, do que curtindo sozinho" Deu uma mordida de leve em minha orelha e se foi.
Fiquei parado, sem reação. Embora mil coisas estivessem passando pela minha cabeça meu corpo não reagia. Queria puxa-la pelo braço e toma-la como antes imaginei. Mas não era o momento. Era hora de ir. Mas ficarei ansioso pela espera de outra gota de chuva nos meus óculos cair.

3 comentários:

  1. As vezes assistir pode ser tão bom quanto participar... não precisei participar, mas consegui imaginar cada linha!

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  2. Qto tempo demorou pra escrever?
    de onde veio a ideia?
    como consegues tamanha riqueza de detalhes?
    n tenho ideia, mas de onde vem tanto detalhe?????? é como se ao mesmo tempo que leio, estou assistindo...
    como se eu sentisse a mulher falando no meu ouvido... perguntando se eu teria gostado... e em seguida respondendo...
    eu sei que vc gostou.. e muito

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