quarta-feira, 24 de junho de 2009

NADA

Eu carregava apenas uma velha sacola na mão, com uns dois pãezinhos também velhos. Na outra me apoiava na muleta que tinha mais esparadrapos pra emendar do que em minha própria perna. Era tudo o que eu carregava, além da minha miséria, cansaço e da minha dor.

Eu ia...Bem, não me lembro ao certo pra onde ia. O sol na cabeça e o frio no corpo às vezes é tanto que embaralha todas as idéias.
Mas me lembro que caminhava já com dificuldade, e num minuto de distração, ou até por que não dizer de esgotamento, eu caí.
A sacola foi ‘prum’ lado, a muleta pra outro e meu velho corpo cansado, entre meio aos dois.
A palavra “Socorro” ou um “Alguém me ajuda, por favor,” era grande demais para que e dor me permitisse dizer. Então, só conseguia gemer.

Algumas pessoas passaram retas, outras pararam e me olharam, mas NADA fizeram.
Essas pessoas passam por tantas coisas diariamente que nem se lembram mais o sentido da palavra sensibilidade. Ou talvez, meu suor não valha sujar suas belas camisas engomadas.

Mas em meio TANTA-NADA gente bem vestida, com pressa, indo e vindo, mesmo deitado eu pude vê-la.

Seus olhos refletiam o sentimento de seu coração, e não era um coração insensível. Talvez pela idade, pois ela aparentava ser nova.
Sei que ela queria fazer algo, seus olhos era quem me diziam isso. Mas, mais forte que o meu cheiro era o cheiro do medo dela, e eu podia sentir.
Seus olhos desviavam, mas meus olhos, mesmo embaçados, viam que eles tornavam a me olhar. E eu continuava ali caído.
Até que a entendo, ainda sim sou capaz disto. Ela era uma jovem moça e eu um velho fodido. Ela não me conhecia. Não sabia se me dei mal na vida por que fiz mal pra vida de outro alguém, ou se fui mais uma vítima desse sistema falido. Ela não sabia se eu cheirava a pinga, ou se representava perigo.

Mas, de repente uma pessoa passou em minha frente e, no instante seguinte só vi a porta do carro se fechar.

Ela estava indo embora.

E eu fiquei gemendo ali, ainda caído, no chão.

Ela nunca vai seber se alguém me levantou, nem se ainda permaneço no mesmo lugar, embora pra mim já não faça mais diferença. Mas pude sentir antes disso, mesmo que de longe, as lágrimas dela me banharem.

Mesmo que ela não tenha me levantado, o sentimento dela, pra mim, é mais precioso que o próprio ato. E assim como eu, ela também sabe, mesmo longe, o meu desejo. Que não exista mal que a caleje, nem que a faça perder o medo. Que nunca seja insensível, nem que a vida a estrague. Assim, talvez e também com isso, ela seja tudo. Porque eu já não sou mais NADA.

3 comentários:

  1. o sol do dia e o frio da noite é tanto que não sinto mais nada, as idéias se embaralham...pra onde ir não sei mais.
    "A sacola foi ‘prum’ lado, a muleta pra outro e meu velho corpo cansado, entre meio aos dois." -acho q deveria contar com a "velocidade" de ele caindo. ex."Sacola prum lado,muleta pra outro, esgotado ao meio cai."
    "Pessoas passam, umas olham outras fingem não ver.."
    "Não sabia se me dei mal na vida por algum motivo mas percebia que ali a vida é que me fazia mal"
    nos últimos 2 paragrafos tem erros q ao invés de "mas" deve ser "mais"
    Beijo e congratulations.
    Daniel

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  2. 1) "o sol do dia e o frio da noite é tanto que não sinto mais nada, as idéias se embaralham...pra onde ir não sei mais."
    1- É um forma lírica de escrever e, este não era o caso.

    2)A sacola foi ‘prum’ lado, a muleta pra outro e meu velho corpo cansado, entre meio aos dois." -acho q deveria contar com a "velocidade" de ele caindo. ex."Sacola prum lado,muleta pra outro, esgotado ao meio cai."
    2- " De ele" não existe. E "esgotado ao meio cai" Sem a vírgula depois do esgotado dá o sentido de que estava esgotado pelo meio. Neste caso, seria correto escrever:
    "esgotado, ao meio caí" Mas também existe Lirismo na construção e como já disse, esta não é a intenção.

    3)Pessoas passam, umas olham outras fingem não ver.."
    3- Elas passaram E OLHARAM. Queria que ao menos fingissem, mas nem isso fizeram.

    4)" Não sabia se me dei mal na vida por algum motivo mas percebia que ali a vida é que me fazia mal"
    4- Está "enfiando" a vírgula no meio do pão que come pela manhã? rs
    Outra coisa. Se quer mudar tudo, passe a escrever, você, os seus próprios textos.rsrs

    5)nos últimos 2 paragrafos tem erros q ao invés de "mas" deve ser "mais".
    5-Quanto ao erro do "mas", você tem toda razão!

    Beijos e Obrigada :)

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  3. huahuahuahauhaua.
    Não precisa comentar os meus comentários.
    Só queria dar um afago ao seu texto. rss

    Bejo!
    Daniel.

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